sábado, 22 de janeiro de 2011

Inesperado


Acordando, bocejos.
Já era um feito muito grande depois de tantas dores...
A campainha toca e sonolenta abre a porta com um movimento lento e preguiçoso... Em meio a visão embaraçada um perfil se molda a sua frente; seu olhar era lânguido, seu sorriso despretensioso, passava a mão pelos cabelos como se não soubesse o quão charmoso ficava.
Mordiscou o lábio tentando parecer naturalmente tentadora, o rubor tomava conta de seu fino rosto.
Silêncio. Troca de olhares. Silêncio. 
Enfim, ele tomou a iniciativa e quebrou o agonizante vazio entre aqueles dois corpos... Com um bom dia que a fez  estremecer, já se imaginou tocando aqueles lábios vorazmente, só podia ser esse o motivo da visita pensava, há tempos não recebia uma visita masculina.
Respiração ofegante, o momento se aproximava, seria convidada para jantar? Cinema? Passeio no parque? Seja lá qual fosse a opção, aceitaria!
-Sim,aceito, ela disse em voz alta.
-Como? Disse meio desconsertado o perfeito cavalheiro. Perdão, procuro a Senhorita Megan.
Então era isso! Ele já sabia meu nome, já devia saber tudo sobre mim, meus pratos prediletos, melhor filme, ator e claro, meu perfumer, recitou silenciosamente. Beliscou-se discretamente para certificar-se da veracidade daquela cena.
-Sou eu, Megan sou eu.
Um largo sorriso se abriu, passou mais uma vez a mão pelos cabelos só para deixá-la ainda mais em euforia.
Boca seca, mãos suadas,sorriso delicado, então, com um rápido gesto ele tirou algo do bolso.
Uma jóia? Ah, meu Deus, estou tão descabelada e descalça e sem maquiagem! Céus!
Numa fração de segundos entregou uma carta a ela e o sorriso se desfez.
-Cobrança do cartão, dois dias úteis ou a penhora dos bens.
-Passar bem. Até logo.
Ela permaneceu petrificada ao lado da porta, tentando entender a cena ocorrida a pouco.
Sentimentos se misturavam em sua cabeça, sensações reviravam seu estômago. Desabou na poltrona e com as lágrimas rolando leu aquelas malditas linhas.
Dando-se conta que não tinha saída, professou: " Há males que vem pra bem".
 Sua vida social tinha se dizimado em algum tempo do passado, sabia que um outro homem não bateria em sua porta tão cedo, de súbito alegrou-se e correu para sua bolsa deixada em uma cadeira no quarto.
-Quais contas devo deixar de pagar...Água? Luz? Não. Desta vez seria premeditado, não ficaria sozinha por muito tempo, seu plano já havia sido traçado: o carnê do carro novo!
Gargalhadas percorreram os corredores da casa por um longo período...


2 comentários:

  1. .

    Olá, Miriã!

    Seja muito bem-vinda!

    Passando rapidamente, mas depois volto para te ler.

    Sigo-te também!

    Beijos

    .
    .

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